Dá-te tempo...

Porque queres?
Porque anseias pelo resultado e deixas passar por entre os dedos o caminho inteiro que tiveste de percorrer?
Porque não sossegas essa mente e esse peito?

Procuras o quê?
Procuras quem?
Tencionas sequer procurar-te a ti próprio, no meio dos escombros do que encontraste, perdeste e nunca achaste?

Corres para onde, porquê e com que intuito?
Tens pressa de chegar lá, eu sei... mas e tu sabes onde fica esse "lá" vago e que não sabes bem descrever?

Porque não te dás a ti o tempo?

Dá-te o tempo necessário para te conheceres antes de quereres conhecer o mundo que te rodeia.
Dá-te o tempo que precisas para te estruturares, desabar e re-estruturar as vezes necessárias.
Dá-te o tempo para respirares, sentires o teu corpo, conheceres as emoções onde mergulhas e vir à tona apreciando a beleza e tendo o tempo de deixar o sol entrar em ti, no teu corpo, na tua alma.

Aprecia a beleza, a tristeza, a gratidão. Sente o tempo todo, sente muito.
Dá-te o tempo que precisas para descansar, aguenta firme no tempo que tens de continuar. E continua, calmamente, no teu caminho. Sabe que o amanhã não te traz nada mas pode conter mais do que o agora, por isso não tens de ansiar. Aprecia e deixa que se revele.
Só o presente te pode presentear com o dom da vida. Pondera que o tempo pode nem existir, ser apenas uma mera ilusão que te exige a paciência e a sabedoria para te encaixares na única coisa que existe, o momento preso no suspiro do sentir!

Por isso, dá-te tempo de usufruíres daquilo que o tempo te pede. respeita-o, respeita-te e acima de tudo aprecia-o. Porque no fundo e sem saberes, amanhã pode já não existir mais a ilusão constante que é o tempo...



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