Quando a tristeza vier, não fujas, abraça-a devagarinho...

Quando a tristeza vier, deixa vir.
Abre-lhe as portas do teu coração e convida-a a entrar e a ficar por um momento.
Quantas vezes ela bateu à porta e foi ignorada? Quantas vezes ela quis repousar um pouco em ti, chorar no teu ombro e desabafar e tu pura e simplesmente fugiste dela. Fechaste-lhe a porta da tua casa e viraste costas como se ela te tivesse algum dia feito mal?

Foi porque te provocou dor no passado? Foi porque te fez sentir deslocado, impotente, desmembrado e sem vontade de encarar o dia, a vida?
Decidiste nunca mais a receber em tua casa porque ela foi rude contigo? Fez-te ir ao fundo do poço, ver a escuridão e sentir o desespero?

E tu pensas: "Sim! Foi isso mesmo... Como pôde ela ousar vir aqui e plantar o medo e a dor? Como pôde ela se aproveitar do meu espaço para me tirar a alegria que tanto procuro e sugar-me a energia da vida? Fui cordeal e senti-me enganado por ela, mas nunca mais voltará a acontecer!"

E eu pergunto: "E tu, já pensaste em como a tristeza se sente para necessitar do teu espaço para se exprimir, para sarar as suas feridas e para que a possam ouvir. Como ela se sente só, por ser constantemente ignorada, por ninguém querer que ela fique, por constantemente sentir a pressa dos que a preferem evitar. Por ela saber que se for ouvida, se for sentida, rapidamente, ultrapassando os medos e indo ao fundo da dor que ela transporta; ela regenera-se, cura-se, transforma-se.
Vai-se fundindo aos poucos com o amor que lhe dás, vai-se transformando em gratidão por teres estendido a mão quando ela mais precisava..."

Já pensaste em como receber a tristeza no teu peito e dar-lhe tempo para ela se curar em ti, pode ser o grande ato de altruísmo para contigo próprio e as tuas emoções? Pode ser o verdadeiro ato de aceitação de vida em todas as suas formas e não só de forma interesseira naquilo que te é confortável para o ego. Aceitas o amor e a alegria mas não aceitas os seus complementos que são a dor e a tristeza. Esqueces-te que andam ambos de mão dada e que uns sem os outros nada são... E assim vais ficando vazio de tudo. Com uma casa enorme no teu peito, mas vazia e silenciosa, porque nenhum deles pode lá ficar sem os outros.

Por isso deixa as portas da tua casa abertas para eles. Sê um verdadeiro anfitrião e não escolhas quem pode ou não ficar. Recebe todos e dá-lhes a água do teu amor na medida que eles precisam para se curar. E aí sim tu vais ver que a tristeza fará apenas visitas breves, o medo revelar-te-á a sua melhor faceta e o amor e a alegria irão cada vez repousar mais no conforto do teu lar.




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