Manifesto pelos direitos da alma

Não quero ser normal...

Num mundo em que a normalidade é fugirmos da nossa essência, das nossas frustrações e dos nossos medos, eu recuso-me a ser normal.

Num mundo em que normalmente os considerados normais, quando se olham ao espelho não sabem quem são e o que são, não quero ser normal.

Não pretendo fugir de mim, nem das pequenas peças que me constroem enquanto ser. Quero aceitar o bom, mas abrir os braços ao mau e os considerados defeitos anormais. Se sinto raiva? Sim! E sinto por vezes também ódio, frustração, injustiça mal medida e grito ao mundo que sou uma vitima. 
Se gosto desse meu lado escuro? Claro que não! Se sei que não devo julgar e me tento a toda a hora mudar? Sempre, sempre, a toda a hora, tirando os dias em que preciso duma pausa. Uma pausa para caber em mim, pegar em todas as peças que me constituem e aceitar.. Acarinhá-las, ama-las e dizer-lhes que vai ficar tudo bem...Podemos todas morar na mesma morada!

Não quero ser a pessoa normal se para isso me sentir desfraldada nas minhas emoções. Aquelas que são puras e não plantadas pela lógica. 
Recuso-me a violar a minha alma e a aprisionar-me nos meus medos. Sou mais do que isso... Somos todos mais do que isso e isto poderia e deveria ser considerado um grito de revolta!

Quem me ouve e quem está comigo? 
Fazemos manifestações por demasiadas coisas e nunca manifestamos pela nossa alma... onde estão os direitos dela enterrados? Precisam urgentemente de ser resgatados, porque a minha alma, a tua e a de todos grita em silêncio e está desesperadamente à espera duma revolta pacifica de amor e respeito pelo próximo. De carinho, compreensão e apoio. Não escárnio, desvalorização e o julgamento que paira na nossa aura constantemente...Para isso já tenho os meus. Para isso já carrego em mim o peso das minhas mil vidas que continuam latentes na minha escuridão. Para isso já tenho eu um trabalho interior constante e a vida para me ensinar a dar os primeiros passos nesta montanha que é o ato de viver... Não preciso nem consigo aguentar com o dos outros! 

E é mesmo nesse peso que coloco os outros e em que me colocam que a sociedade se vai afogando. E eu estou farta de lidar e fazer parte duma sociedade que nem se apercebe que está a perder oxigénio e vai morrer não tarda nada! Por isso, a partir de hoje estou a borrifar-me... a borrifar-me para tudo o que não seja dado e construído em amor. 

E se por causa disto tudo não me consideram normal... então aí ficarei feliz porque sei que encontrei o respeito pela minha alma à muito merecido e que me resgatei das águas onde me afundava cada vez um pouco mais...


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