Desapega e entrega...



Sentes o chão estalar uma vez mais subtilmente e o teu peito aperta, lá vamos nós outra vez... Vamos porque amamos, vamos porque a impotência é maior que o heroísmo. São anos a aprender a conviver com o papão e anos a ignorá-lo e a desapegar para melhor cuidar de quem o carrega, quem já me carregou no tempo do colo...

O trauma é uma dor que renegamos, algo que não encaixa, uma forte tentativa de flutuar em águas bravas. E quando a brisa vem, sabemos que um dia a ventania pode voltar e sacudir a nossa porta com tanta força que não mais a poderemos ignorar...



A criança que existe em mim acredita que não há impossíveis, que tudo se pode regenerar, que as luzinhas atecipam e acalmam, que o céu protege quem precisa... mas o adulto que sou aprendeu que posso pedir, tentar cuidar, "entregar", posso até chorar como costume, mas quem tem que acreditar, quem tem que querer mudar algo interiormente, entregar, pedir luz para a sua vida é a própria pessoa com a sua consciência...

O adulto que sou sabe que se cada um que está ligado à dor fizer a sua parte poderá permitir fluir a parte de todos, levando a diversas formas de cura de males de todo o género.

A doença é um plano desgastante e deixa todos marcados, justamente para lidar com algo que desconhecemos, ela vira-nos do avesso e transforma a nossa resistência em leveza, em fé.

Entrego quem eu amo... E espero por felizes sorrisos...






Texto escrito por Marisa Alexandra

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