Apenas uma simples questão...

Desde quando...?


Desde quando nos embrenhamos no marasmo da rotina?

Desde quando ficamos presos dentro de uma máscara chamada sociedade que nos abucanha a alma e arranca a essência. Tira-nos a vontade de dançar ao som da música da vida, esconde os nossos sonhos em névoa e gera prioridades falsas para que o caminho até aos sonhos seja sinuoso e catastrófico. É de facto tão traumático que preferimos pura e simplesmente esquecer da existência desses sonhos.

Desde quando ficamos presos na resignação, fazendo de conta que somos pequenas marionetas que não merecem uma vida plena e preenchida?

Os dias podem ser todos iguais, sem novas emoções e sensações, porque de facto sentir acaba por dar trabalho e faz-nos querer mudar. E mudar por sua vez é assustador, e a coragem para enfrentar os nossos medos, essa já há muito faleceu e ninguém sabe onde foi enterrada. Por isso preferimos fingir...


Desde quando aceitamos viver num mundo de fingimento e superficial?

Em que ninguém mostra a sua verdade porque se distanciou tanto de si que não sabe qual é de facto a sua verdade.

Desde quando o nosso semblante mostra apenas o vazio daquilo que nos tornamos?

As pessoas olham-se umas para as outras à procura de uma réstia de esperança e apenas encontram olhares vagos, perdidos nos seus medos e à porta da sua dor. Sem coragem de ultrapassarem essa porta com receio do que poderão encontrar. E vão ficando assim sempre à porta, sem encontrarem nada nem a si próprios. Vão ficando assim, esquecidos de que a dor é apenas o caminho para a concretização dos nossos sonhos e do encontro com nós próprios, que os sonhos alimentam a nossa essência e nos permitem sentir, sentir aquela chama que nos preenche, aquela que está lá bem escondida e ninguém tem coragem para procurar. Vão ficando assim, esquecidos de como é sorrir sem fingimento, sorrir apenas porque a sensação de felicidade é tanta que transborda da nossa alma para o nosso corpo e inunda o mundo à nossa volta. Vão ficando assim, esquecidos do brilho no olhar, aquele que nos dá a certeza que somos mais do que um corpo, somos mais do que máquinas...

Desde quando ficamos com medo de chorar?

Bloqueamos o choro como um grito de sobrevivência e para fazer crer a todos que somos fortes e que ninguém nos pode destruir. Mas como pode isso acontecer se por dentro, na realidade, já estamos todos completamente destruídos?

Desde quando ficamos sem tempo para viver?

Para viver no seu sentido pleno. Não viver para trabalhar, agradar, mostrar, parecer e cumprir objectivos impostos pelos outros. Viver para sentir, sentir o que nos vai na alma e no corpo, sentir a dor, gritar, esbracejar se for preciso, chorar, rir, falar, calar, errar, perdoar, amar, ser... Ser o que se quer quando se quer, porque o que se quer não é sempre igual. Muda, muda com o tempo, com as vivências, com a evolução. Aliás, mudar é por si só a própria evolução!

Por isso a minha questão é só essa.... desde quando???

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